O que é o TEA?
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição complexa que se destaca por desafios persistentes na comunicação e interação social recíproca, além de padrões de comportamento e interesses restritos e repetitivos. Exploraremos as nuances desse transtorno, considerando que as manifestações sintomáticas podem diferir significativamente, dependendo do nível de gravidade do autismo.
Indivíduos que não apresentam comprometimento cognitivo e de fala podem experimentar déficits menos debilitantes em comparação com aqueles que enfrentam um quadro mais grave de autismo, associado ao transtorno do desenvolvimento intelectual (conforme definido pela American Psychiatric Association [DSM-5-TR], 2023).
Etiologia e neuropsicologia do TEA
Em uma análise recente conduzida por Ponsoni et al. (2022) sobre a etiologia do Transtorno do Espectro Autista (TEA), destaca-se a presença de evidências substanciais que respaldam sua origem multifatorial. Tais fatores abrangem tanto aspectos genéticos quanto ambientais, sendo a influência genética identificada como a mais sólida. Surpreendentemente, a pesquisa aponta para a possível participação de 913 genes na etiologia do autismo.
Apesar dos avanços científicos na identificação desses genes, é crucial salientar que, até o momento presente, não foram identificados marcadores biológicos que definam de maneira conclusiva as causas subjacentes ao transtorno. Isso ressalta a complexidade do TEA e destaca que o diagnóstico continua a depender principalmente da avaliação clínica. A compreensão desses aspectos da etiologia do TEA não apenas enriquece nosso conhecimento, mas também lança luz sobre os desafios persistentes que os profissionais enfrentam ao buscar respostas claras na complexa interação entre fatores genéticos e ambientais.
Os sintomas do TEA
A característica central do distúrbio da interação social reside na dificuldade em compreender as regras essenciais que regem as dinâmicas sociais nas relações interpessoais. Desde a infância, esse desafio se manifesta através de um isolamento social evidente, refletido na falta de interesse em estabelecer e manter amizades. Além disso, observa-se uma notável dificuldade na expressão da empatia, descrita como a "capacidade de reconhecer os sentimentos, intenções e atitudes de outras pessoas" (Del Porto e Assumpção Jr., 2023).
Na esfera da comunicação, surgem obstáculos expressivos na percepção e interpretação de sinais tanto verbais quanto não verbais, englobando expressões faciais, prosódia, postura corporal e gesticulação. É comum também a presença de contato visual evasivo, às vezes fixo. Embora a linguagem, em casos como o "autismo de alto funcionamento", possa apresentar desenvolvimento gramatical e vocabulário adequado, a compreensão do conteúdo sociopragmático (como solicitações implícitas) e do conteúdo semântico (como ironia e metáfora) é frequentemente limitada (Del Porto e Assumpção Jr., 2023).
Os interesses e atividades adotam um padrão altamente restrito, desprovido de contexto social. A inflexibilidade cognitiva molda as manifestações na vida diária, introduzindo rituais rigorosamente seguidos. Anormalidades sensoriais e motoras, comportamento alimentar atípico e desregulação da atenção e emoção também podem fazer parte desse complexo quadro clínico (Del Porto e Assumpção Jr., 2023).
Diagnóstico e Intervenção
O diagnóstico do TEA é geralmente realizado por profissionais de saúde especializados, como psiquiatras, psicólogos e neuropediatras, com base na observação do comportamento e no histórico clínico. A intervenção precoce é crucial e pode envolver uma abordagem multidisciplinar, incluindo terapia comportamental, terapia ocupacional, fonoaudiologia e apoio educacional.
Tratamentos
Psicoterapia cognitivo-comportamental
O principal meio de tratamento é por meio da psicoterapia, principalmente a terapia cognitiva-comportamental, baseada na formulação cognitiva, ou seja, investiga as crenças mal-adaptativas, as estratégias comportamentais e a manutenção dos fatores que caracterizam um transtorno específico. Utiliza, ainda, o modelo cognitivo que propõe que os pensamentos disfuncionais ( aquele que influenciam o humor e o comportamento) é comum a todos os transtornos psicológicos. Assim, busca-se ajudar o paciente a avaliar seus pensamentos de forma mais realista e adaptativa, o que acaba auxiliando na diminuição da emoção negativa e no comportamento mal-adaptado (aquele que precisa ser trabalhado e mudado, para a melhora do paciente).
Tratamento Farmacológico
Outra opção de tratamento é a utilização de estimulantes ou agentes noradrenérgicos, visto que para tratar os sintomas é necessário incrementar a liberação de dopamina e noradrenalina até alcançar níveis ótimos. Assim, o fortalecimento dos neurotransmissores no córtex pré-frontal é benéfico para a restauração da capacidade do paciente de focar.
Lembrando que nem todas as pessoas com TDAH necessitam de medicação para conseguir sobrepujar seus sintomas.
Onde buscar tratamento?
Nas universidades públicas e particulares, ao redor do Brasil, possuem à disposição da população o acesso a serviços da psicologia, de forma gratuita. Ligue para a universidade mais próxima a você e busque auxilio para o tratamento do transtorno.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5-TR: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: ARTMED, 2023.
PONSONI, André; TEIXEIRA, Antônio Lucio; MALLOY-DINIZ, Leandro Fernandes; FONSECA, Rochele Paz. Neuropsicologia dos transtornos psiquiátricos. Belo Horizonte: AMPLA, 2022.
DEL PORTO, José Alberto; ASSUMPÇÃO JR, Francisco B. Autismo no adulto. Porto Alegre: ARTMED, 2023.
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