TDAH - TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE
- Paulo Gama
- 5 de jul. de 2024
- 3 min de leitura

O que é o TDAH?
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, um grupo de condições que se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral, antes que a criança ingressa na escola. O TDAH acomete cerca de 5,9% da população mundial. Destas crianças, cerca de 30% a 70% podem manter os sintomas do transtorno ao longo de toda a vida.
Etiologia e neuropsicologia do TDAH
A etiologia do TDAH é complexa, pois vários fatores genéticos e ambientes contribuem para a sua manifestação. A base neurobiológica do TDAH sugere que há várias anormalidades no sistema nervoso central, entretanto existem diversas lacunas que impossibilitam determinar suas causas, há a ocorrência de mecanismos específicos conectados nessa manifestação como: genótipos, o ambiente e os processo culturais, neurais, cognitivos, bem como comportamentais.
As pesquisas apontam, de forma consistente, a relação de regiões do cérebro como o lobo frontal e parietal, gânglios da base, corpo caloso, hipocampo e cerebelo na constituição do transtorno. Além disso, fatores ambientes como exposições pré-natais ao tabaco, álcool, drogas, toxinas ambientais, bem como pós-natais como convulsões, lesão cerebral e exposição a chumbo, que contribuem para tal manifestação.
Os sintomas do TDAH
O TDAH é caracterizado por padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento do indivíduo. A desatenção é manifestada no comportamento como dificuldade de manter o foco, falta de persistência, divagação em tarefas e desorganização. A hiperatividade modifica o comportamento e refere-se a uma atividade motora excessiva, remexer, batucar ou conversar em excesso. A impulsividade, por sua vez, é manifestado pelas ações precipitadas, sem premeditação, com elevado potencial se risco para o indivíduo.
Subtipos do TDAH
Segundo o Manual Diagnóstico de transtornos mentais - Texto Revisado (DSM-5-TR, 2023), o TDAH pode apresentar subtipos, ou seja, classificações dependendo da predominância dos eixos-sintomáticos:
Apresentação combinada: Caso o indivíduo apresente tanto critérios para desatenção como para hiperatividade-impulsividade.
Apresentação predominantemente desatenta: Se o critério de desatenção seja preenchido, mas o de hiperatividade-impulsividade, não seja manifestado nos últimos 6 meses.
Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva: Caso o indivíduo apresente critérios para hiperatividade-impulsividade, mas não tenha manifestado os critério de desatenção nos últimos 6 meses.
Especificação da gravidade atual
O transtorno pode ser classificado quanto à gravidade dos sintomas, a fim de orientar o tratamento psicoterapêutico e farmacológico:
Leve: Se os sintomas resultam em não mais que os critérios necessários e, apresentam pequenos prejuízos no funcionamento social ou profissional.
Moderada: Sintomas ou prejuízos funcional entre leve e grave.
Grave: Muitos sintomas além dos necessários para fazer o diagnóstico, resultam em prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional.
Tratamentos
Psicoterapia cognitivo-comportamental
O principal meio de tratamento é por meio da psicoterapia, principalmente a terapia cognitiva-comportamental, baseada na formulação cognitiva, ou seja, investiga as crenças mal-adaptativas, as estratégias comportamentais e a manutenção dos fatores que caracterizam um transtorno específico. Utiliza, ainda, o modelo cognitivo que propõe que os pensamentos disfuncionais ( aquele que influenciam o humor e o comportamento) é comum a todos os transtornos psicológicos. Assim, busca-se ajudar o paciente a avaliar seus pensamentos de forma mais realista e adaptativa, o que acaba auxiliando na diminuição da emoção negativa e no comportamento mal-adaptado (aquele que precisa ser trabalhado e mudado, para a melhora do paciente).
Tratamento Farmacológico
Outra opção de tratamento é a utilização de estimulantes ou agentes noradrenérgicos, visto que para tratar os sintomas é necessário incrementar a liberação de dopamina e noradrenalina até alcançar níveis ótimos. Assim, o fortalecimento dos neurotransmissores no córtex pré-frontal é benéfico para a restauração da capacidade do paciente de focar.
Lembrando que nem todas as pessoas com TDAH necessitam de medicação para conseguir sobrepujar seus sintomas.
Onde buscar tratamento?
Nas universidades públicas e particulares, ao redor do Brasil, possuem à disposição da população o acesso a serviços da psicologia, de forma gratuita. Ligue para a universidade mais próxima a você e busque auxilio para o tratamento do transtorno.
REFERÊNCIAS
BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021.
FUENTES, Daniel; MALLOY-DINIZ, Leandro F.; CAMARGO, Candida Helena Pires de; CONSENZA, Ramon M. Neuropsicologia: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
MALLOY-DINIZ, Leandro F.; MATTOS, Paulo; ABREU, Neander; FUENTES, Daniel. Neuropsicologia: aplicações clínicas. Porto Alegre: Artmed, 2016.
STAHL, Stephen M. Psicofarmacologia: Bases neurocientíficas e aplicações práticas. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
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